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Alexandre Nero pega vilão torpe de Nos Tempos do Imperador na própria sombra

INVOCAÇÃO DO MAL

O ator Alexandre Nero com um bigodeTonico (Alexandre Nero) em Nos Tempos do Imperador; abjeto, vilão torra a paciência do público

Alexandre Nero não tinha dúvidas de que Tonico causaria repulsa no público em Nos Tempos do Imperador. O ator acredita que o vilão não gera este mal-estar somente pelas maldades para ficar com Pilar (Gabriela Medvedovski). Afinal, o espectador ainda se reconhecerá muito nos seus discursos absurdos, assim como o intérprete durante as gravações da novela das seis da Globo.

"Trata-se de um personagem ficcional, mas que talvez seja o mais real da trama, porque as pessoas vão se identificar. Ele está em cada um de nós e eventualmente em mim também, porque a gente não pode só apontar o outro, olhar para fora", explica o artista ao Notícias da TV.

Nero avalia que o crápula representa os preconceitos mais arraigados na sociedade brasileira que, mesmo um século e meio depois do Segundo Reinado (1840-1889), continuam a circular por aí. "A gente eventualmente ainda fala ou pensa como ele porque está no nosso chip, na educação que recebemos neste país racista e escravocrata", complementa.

O coronel vai ficar ainda mais reconhecível nos próximos capítulos, assim que começar a tocar o terror pelo Recôncavo Baiano para angariar aliados à força e se tornar deputado. "As coisas que ele fala parecem até distópicas, mas tem uma hora que a gente vai ver tudo [se repetir] na nossa vida. Ele é assustadoramente real", acrescenta.

O galã ainda faz questão de frisar que as semelhanças entre Tonico e José Alfredo, de volta com a reprise de Império, param justamente no bigode grisalho e no sotaque nordestino.

 "O comendador cai muito em contradição, mas ainda assim traz os dois lados. Ele traficava pedras, é um machistão, mas também é um bom pai, um cara justo [na medida do possível]. Eu ainda tenho como defendê-lo, porque é um anti-herói", diz.

O antagonista do folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão,  por outro lado, é indefensável. "É um dos personagens mais sem dualidade que eu já fiz. A gente sempre tenta humanizar um papel, porque ninguém só é bom ou só malvado. O Tonico foge disso, porque é praticamente a personificação do mal", arremata o ator.

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