Selton Mello aceitou voltar às novelas para interpretar Dom Pedro II – TV Globo/João Miguel Júnior
Longe das novelas há mais de 20 anos, Selton Mello se rendeu a Dom Pedro II e aceitou o convite para integrar o elenco de ‘Nos Tempos do Imperador’, que estreou no início de agosto na Globo, marcando a volta das novelas inéditas na emissora. Em entrevista ao Área Vip, o ator contou que o personagem histórico foi responsável para o retorno à telinha. Selton mergulhou em obras biográficas para compor o personagem, mas, além de seguir a história escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, buscou seguir sua própria inspiração e sensibilidade sobre o homem que tem tão poucas referências na dramaturgia, ao contrário do pai, Dom Pedro I. A trama, que começou a ser produzida em 2019, teve as gravações interrompidas em 2020 uma semana antes do lançamento à imprensa. Mas nada disso foi problema para o ator, que vem encantando o público com seu charmoso imperador.
Você volta às novelas na pele de Dom Pedro II em Nos Tempos do Imperador, como está sendo esse novo desafio na carreira?
O prazer é enorme! Fazer um homem que faz parte do imaginário do Brasil, tão importante. Ao mesmo tempo, uma responsabilidade muito grande. Têm pessoas que idealizam esse Dom Pedro, de uma forma X, outro de forma Y. Um acha isso dele, outro aquilo… Eu estou fazendo o que os autores escreveram, um recorte de um período desse personagem. E estou fazendo seguindo minha intuição, minha sensibilidade, minha impressão sobre esse homem, esse Imperador, esse cidadão, esse pai, esse cara que era muitas coisas. É muito gratificante, muito emocionante trabalhar com um material assim tão raro.
Foi difícil compor o personagem histórico, porém pouco conhecido do grande público na dramaturgia?
Eu leio bastante, li muitos livros, com vertentes diferentes, com autores que achavam coisas diferentes dele, para eu poder ter elementos distintos. E depois eu vou e faço. Como eu era na infância atuando. Para mim, atuar é algo leve. Por isso fiquei tão comovido com a Raíssa, nossa skatista medalhista, fiquei muito comovido com essa menina, porque ela estava ali, fazendo o trabalho dela, com leveza, se divertindo. Fiquei emocionado. Assim que eu era e assim que eu sou como ator. Me divirto, é leve, não tem grandes psicologismos ou preparações. Eu já sabia desde cedo que esse era o meu caminho, então eu continuo trazendo essa leveza para o meu trabalho. Claro, respeitando o processo histórico, respeitando traços marcantes desse personagem. Mas, ao mesmo tempo, fazendo do meu jeito, como eu imaginei que ele poderia ser.
A novela teve uma pausa significativa por causa da pandemia. Foi complicado para você manter o foco, entrar e sair do personagem?
Não foi complicado, porque desde o início, nas conversas com o Vinícius (Coimbra, diretor artístico) e os autores, já tínhamos definido um caminho para ele e eu já tinha uma intuição de como eu gostaria de fazer esse personagem. Claro que parar, voltar, ‘Sessão’ (Terapia) no meio, é sempre complexo. Mas pelo fato da gente ter colocado a novela no trilho, é um pouco como andar de bicicleta. Os primeiros dias de readaptação, mas passados dois dias tudo já estava de novo nos eixos.
Dom Pedro II influenciou no seu retorno às novelas?
Completamente. Tive alguns convites ao longo desses 21 anos, mas eu sempre estava envolvido em cinema, teatro. Cinema foi o que mais fiz esse tempo todo. Em alguns momentos até quase deu, mas aí esbarrava em agenda, tipo “em maio tenho que fazer esse filme”, então não cabia. Novela é uma obra longa. Mas agora surgiu esse personagem que fiquei muito curioso em tentar desvendá-lo. As próprias biografias não conseguiram desvendá-lo completamente e nem eu conseguirei. Daremos uma impressão do Dom Pedro II e isso é muito estimulante. Um personagem que tem tantos elementos, mas também tem muitas lacunas. Me interessam essas entrelinhas, o homem por trás da coroa, seus dilemas pessoais. É muito interessante essa viagem, essa aventura emocional.
Depois de tantos trabalhos na dramaturgia brasileira ainda dá para aprender com um novo personagem?
Opa! Sempre! Essa é uma das belezas de minha profissão, poder aprender sempre. Sobretudo agora, com esse personagem mítico, cheio de nuances.