Igor Cotrim em cena como Simeão em Gênesis; personagem vendeu irmão como escravo
Intérprete de Simeão em Gênesis, Igor Cotrim admite que a terapia tem ajudado ele a se desvencilhar da energia negativa que seu personagem endemoniado exige. Na novela bíblica, ele é o irmão carrasco de José (Juliano Laham), um dos responsáveis pela venda do rapaz como escravo. "Realmente é muito pesado", admite o ator de 46 anos.
A psicoterapia entrou na vida de Cotrim há alguns meses. Mas não é só o tratamento que o ajuda a cuidar de seu bem-estar. A atriz Adriana Lessa, sua namorada, também leva todo o mérito. "[Eu me cuido] Com a terapia e com o amor que eu tenho. Quando estreei na novela, falei: 'Graças a Deus, Adriana. Pelo suporte que você me ajudou [a ter] e as ferramentas que você me fez procurar, porque o personagem é pesado'", conta para o Notícias da TV.
"Comecei a fazer terapia já tem uns oito meses. Iniciei para me cuidar e viver esse amor com a Adriana. Comecei a pegar firme agora porque foi presente de Deus mesmo ter tido dois trabalhos no ano passado e o reencontro com a Adriana. Quero estar no meu melhor", considera. Além de Gênesis, Cotrim trabalhou no longa Rally - Paixão e Fúria no Sertão do Brasil.
Em Gênesis, Simeão é um dos brutos filhos de Israel (Petrônio Gontijo), que não suporta a ideia de ver o irmão Rúben (Felipe Cunha)perder a primogenitura. De personalidade explosiva, também liderou o massacre aos homens de Siquém para vingar a perda da virgindade da irmã, Diná (Giovanna Coimbra).
Para incorporar um homem descomedido, Cotrim entrega que o trabalho é intenso. Ele analisa toda a trajetória da família de Israel para se inflar com a revolta do personagem. "Simeão e Rúben, quando pequenos, ficaram vendo o pai a vida inteira gostar mais da Raquel [Thaís Melchior] e não da mãe deles, a Lia [Michelle Batista]. Ele é desestabilizado. O Simeão, com essa raiva que ele tem misturado com inveja, tem uma bipolaridade imensa. Uma bipolaridade antes de Cristo", analisa.
"É inveja e também o fato de que para eles, os preceitos da primogenitura são de Rúben. Para Simeão, é aviltante uma outra coisa. Há também a personificação do mal, o Lúcifer [Igor Rickli]. Ele construiu essa coisa violenta por ser o elo mais fraco, o mais sugestionável pela influência demoníaca do Lúcifer. Ele transfigura. Eu me assustei assistindo (risos)", admite.
Nos últimos capítulos, Simeão liderou a venda de José como escravo. Ainda mentiu para o pai ao dar o irmão como morto. Em cena, o ator aparece no auge do descontrole, sendo segurado pelos irmãos para não cometer loucuras --além das que já executou.
As gravações na Record duraram cinco meses e já foram finalizadas. E Cotrim recorda que buscou alternativas para que o clima tóxico de Simeão não o contagiasse fora dos estúdios. "Nos bastidores, comecei a brincar com a técnica, figurantes e maquiadores para ficar um ambiente bacana e divertido pela minha sanidade mental. Procurava estar alegre nos bastidores para poder entrar nessa energia pesada e não me sujar, não misturar as coisas", conta.
"Pensava: 'Tenho que contagiar as pessoas para o lado bom'. Na maquiagem, eu colocava Mozart e Zé Ramalho para ouvir (risos). 'Vamos fazer a maquiagem alegres. Pelo amor de Deus', eu dizia", relembra.
REPRODUÇÃO/RECORD
Simeão (ao centro) com seus irmãos em Gênesis
Spoiler da reta final
Com o trabalho na trama bíblica finalizado, Cotrim entrega como serão as cenas finais de seu personagem: José reencontrará seus irmãos e os perdoará após todo o martírio caudado. "Terminamos de gravar a novela justamente com a parte do perdão. Isso é uma coisa que pego muito no personagem, que é o fato de ser perdoado e se perdoar. É uma cena muito bonita", adianta.
"[Na cena] São dez irmãos tendo que chorar e abraçar o José. Eu, Simeão, poderia ficar na minha. Mas não dá. O personagem sabe a porcaria que fez. Ele fala com o José e começa a entrar em colapso. Fiquei mais de meia hora tremendo, chorando e me culpando", revela.
Gênesis marca o retorno de Cotrim às novelas. Sua última trama tinha sido Chamas da Vida (2008), na Record. Antes disso, ele ficou conhecido por interpretar o Boca em Sandy & Junior (1999-2002). Também atuou como Matheus em Floribella (2005). Em 2009, topou participar da segunda temporada de A Fazenda, na Record. Algo que ficou apenas na memória.
"Não assisto. Nem conhecia as pessoas quando entrei (risos). Em A Fazenda, fui verdadeiro o tempo inteiro. Era para eu ter ganho o negócio", lamenta ele, que ficou em quarto lugar. A grande campeã da edição foi Karina Bacchi.
Após Gênesis, o próximo projeto do artista é o filme O Martelo e a Coroa, de Bruno de Souza. O longa narra um encontro ficcional de dom Pedro 2º (1825-1981) com Friedrich Nietzsche (1844-1900). O ator dará vida ao filósofo. O papel do imperador será de Werner Schünemann.
Há também um projeto musical com Adriana, por quem ele se declara totalmente apaixonado. Os dois já se conheciam na infância, mas o romance aconteceu apenas em 2020. "Foi um reencontro de almas. Quando encontrei ela no ano passado, tive borboletas no estômago", finaliza.