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Patinho feio da Globo, Um Lugar ao Sol luta para não virar tapa-buraco de Pantanal

O ator Cauã Reymond como Christian, mas se passando por Renato, em cena de Um Lugar ao SolCauã Reymond é o protagonista de Um Lugar ao Sol; novela ficou em segundo plano na Globo

Um Lugar ao Sol enfim entra no ar nesta segunda-feira (8) depois de quase um ano e meio de atraso. A novela inédita das nove faz uma estreia tímida, apagada não só pela pandemia de Covid-19, mas também ofuscada pela expectativa em torno do remake de Pantanal --carro-chefe da gestão de José Luiz Villamarim à frente do departamento de Dramaturgia da Globo.

Lícia Manzo ingressa no time de "medalhões" da emissora depois de dois sucessos de crítica na faixa das seis, A Vida da Gente (2011) e Sete Vidas (2015). Ela é uma das principais apostas do processo de renovação proposto por Silvio de Abreu, que deixou a casa em novembro de 2020 depois de 42 anos.

A própria autora relutou em aceitar a vaga no horário nobre, entregando a sinopse de Jogo da Memória para o extinto horário das onze. A produção, que foi totalmente escrita e entregue à direção, não chegou a ser produzida.

Eu não quero ser blasé, porque eu fico lisonjeada de fazer uma novela das nove, mas nunca busquei isso. O Silvio me pediu logo depois de Sete Vidas, e eu não aceitei. Ele voltou a me propor isso quando entreguei os primeiros capítulos de Um Lugar ao Sol. Não dava mais para declinar.

A trama inicialmente estava escalada para substituir Amor de Mãe (2019) em maio de 2020, mas a crise sanitária fez as primeiras gravações serem suspensas no mês anterior. O Sars-Cov-2 se tornou uma das principais pedras no sapato da história dos gêmeos Christian e Renato (Cauã Reymond), que só seria retomada em outubro daquele ano.

A atriz Andréia Horta como Lara chora e é consolada por Marieta Severo, a Noca, em cena de Um Lugar ao Sol

Lara e Noca na novela inédita das nove

A saída de Silvio também abalou o folhetim, que se tornou um "patinho feio" da nova cúpula da Globo, sob a batuta de Villamarim e Ricardo Waddington. Eles acabariam desidratando a novela, cortando cerca de 60 capítulos, para apostar no projeto que seria o "cartão de visita" da dupla --Pantanal.

Bruno Luperi, escalado para adaptar a obra do avô Benedito Ruy Barbosa, furou a fila das nove, que contava então com João Emanuel Carneiro, Gloria Perez e a também estreante Maria Helena Nascimento. Cada passo da produção foi celebrado pela casa, com direito até a entrevista com a atriz Alanis Guillen, a "nova Juma", no Fantástico.

Em segundo plano, Um Lugar ao Sol estreia como uma das menores produções do horário, com 107 capítulos, o que dá menos de cinco meses de exibição. O número, incomum nas últimas décadas, não incomodou Lícia, já que uma antiga reivindicação dos roteiristas é por tramas mais enxutas.

São mais episódios do que eu precisaria para contar essa história. A pandemia traz um ônus, mas também um bônus, porque eu pude escrever em um ritmo um pouco menos industrial. O tempo, para mim, é a matéria-prima. Os meus textos tendem a ficar bons na mesma proporção que a minha lixeira se enche. Então foi bom ter a possibilidade de errar, rasgar, fazer de novo, radicalizar.


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