Tonico (Alexandre Nero) muito provavelmente soltará um bocejo ao ler as cartas de Pedro (Selton Mello) para Luísa (Mariana Ximenes) em Nos Tempos do Imperador. A correspondência para a condessa de Barral realmente era morna na vida real, mas o monarca se empolgava ao escrever para as outras amantes --e pedia até fotos indiscretas, que foram as ancestrais das "nudes".
O deputado invadirá a casa da fidalga para conseguir provas do romance dela com o marido de Teresa Cristina (Leticia Sabatella). Ele roubará os documentos para chantagear o rival e até ameaçará publicá-los em seu jornal, mas os papéis vão virar cinzas em um incêndio para lá de providencial.
O folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão nunca escondeu a proposta de resgatar a figura de Pedro como um estadista e, não à toa, "queimará" também as missivas do fidalgo às outras mulheres que passaram pela sua cama. Ou, ao menos, pela sua cabeça.
Algumas das mensagens mais picantes, que não serão sequer mencionadas na história, foram catalogadas pelo historiador José Murilo de Carvalho, provando que o aristocrata tinha muito em comum com o pai. Dom Pedro 1º (1798-1834), porém, era um pouco mais ousado ao enviar desenhos de pênis eretos e até mesmo pelos pubianos para as "manteúdas" –a exemplo de Domitila de Castro (1797-1867).
O imperador, todavia, também dava asas à sua imaginação nos escritos dedicados a Ana Maria Cavalcanti de Albuquerque (1837-1890). Ele não economizou nas palavras para descrever uma de suas fantasias sexuais, em que transava com a condessa de Villeneuve no sofá da sala.
Luísa (Mariana Ximenes) na novela das seis
A inspiração para a carta foi uma foto da jovem em um vestido decotado, que o próprio Pedro havia pedido em uma conversa anterior. Ele gostava tanto das letras que se trancava com as amantes na biblioteca do palácio --e bem debaixo do nariz de Teresa que, não obstante a fama de traída, ainda era apontada como feia.
Luísa, por sua vez, não despertava exatamente o fogo do nobre, com quem se relacionou durante 34 anos. Segundo a historiadora Mary Del Priore, o romance tinha um quê intelectual além do sexual, ainda que o mandachuva sempre mencionasse as "noites atenienses" em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
Nos Tempos do Imperador se passa cerca de 40 anos depois dos acontecimentos de Novo Mundo (2017). A novela terminará no próximo mês dando lugar à exibição de Além da Ilusão.