Cristiane Amorim (Globo / Selmy Yassuda)
O sotaque eu já fico bem à vontade, ‘ê lasqueira!’, como diz a própria Santinha. Eu conheço Duca e Thelma desde Cordel Encantado e elas me dão essa liberdade. Eu gosto muito de criar, sou aquela atriz de teatro que mete o bedelho, assim como a Santinha mete na conversa. Mas, você tem sempre essa coisa de entender um pouco de cenário e figurino, já fiz figurino e essas coisas. Então, como eu estava falando da liberdade que elas me dão, eu coloco muito caco. Mas comedida, não extrapolo. Tem uma cena lá para o meio da novela que ela cuida do filho do Jamil e ele agradece dizendo ‘Shukran’, mas como não sabe o que é, responde: ‘shukran para o senhor também’. Eu acho que a importância de tudo nessa história… o próprio texto, a própria história fala sobre a empatia. Mas é a questão do amor, porque isso rompe qualquer barreira, qualquer diferença, qualquer distância. Se você olhasse para o outro dessa forma, a gente iria acolher muito mais o outro. Mas não só o outro vindo de fora, de outro país, mas o outro que é diferente de você. Se você começa a ver tudo dessa forma, facilita, principalmente para os refugiados. Até na minha aula de pilates, quando falei da novela que iria fazer, uma senhora falou: ‘Refugiados? Ave Maria, esse povo que sai de um país e vai para o outro, para atrapalhar a vida dos outros’. Eu não acreditei que estava ouvindo aquilo, são pessoas que estão fugindo de guerras para tentar sobreviver, não estão invadindo o país dos outros. Eles só querem segurança e liberdade. Sim! Eu fiquei muito tocada com a moça do Congo, dizendo sobre a questão do estupro e da violência. Eu fiquei chocada com esse lugar, falei que não quero nem passar perto, porque lá isso é normal. São pessoas que querem viver uma liberdade, escolher com quem quer casar. É falta de informação. A menos de um mês teve uma menina que fugiu da Arabia Saudita, por não ter liberdade de escolha. A liberdade de ir e vir, de estudar, de poder escolher. Outra coisa que eu achei interessante é a questão do racismo, a moça do Congo passava por mil coisas lá, mas não sabia o que era o racismo, veio descobrir aqui no Brasil. |
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